“Se não der certo, eu viro professora!”

Hoje eu tocarei em um daqueles assuntos bem delicados, mas do qual não dá para fugir.

Há professores que sempre quiseram dar aula e há professores que acabaram seguindo esse caminho por outras circunstâncias. Mesmo assim, a regra geral entre eles é um profundo respeito pelo próprio ofício: eles reconhecem a grande importância e influência que têm em mãos.

No ballet clássico, a história é outra. É muito comum professoras de ballet darem aula porque não conseguiram ser bailarinas profissionais. Ou até conseguiram, mas muito aquém do que sonharam. Para continuarem com a dança em sua vida, foram para as salas de aula. E aí mora um grande problema.

Frustração é um negócio complicado de lidar. Eu tenho cá para mim, e vocês podem ficar bravos comigo, que boa parte da grosseria e humilhação que vemos nas aulas de ballet clássico são provenientes dessa frustração enrustida. Se o lugar dessas pessoas era o palco, por que elas têm de ensinar? E isso só piora quando as alunas e os alunos não atingem nem metade do considerado ideal! Já pensaram como é complicado? Enfim, as aulas se tornam um meio de sustento e um tapa-buraco. Mas é um tapar o sol com a peneira, porque essas professoras estão onde não deveriam estar.

É preciso ter responsabilidade. Uma coisa que dizemos ou fazemos afeta uma pessoa para o resto da vida. Tanto para o lado bom quanto para o lado ruim. Além disso, professores são grandes responsáveis pela formação de alguém em determinado assunto. Talvez vocês nunca tenham pensado a respeito, mas todo bailarino do mundo passou pelas mãos de um professor.

Claro que existe um outro lado, o dos bons professores e professoras de ballet clássico. São dedicados, respeitam os seus alunos e, o mais importante, se respeitam. Reconhecem a própria importância. Sem eles, não dançaríamos ballet.

Mas o que tenho percebido é que dar aulas é visto como algo menor. A segunda opção. O único jeito possível de ganhar dinheiro vivendo de dança. Sem falar na ausência de método e didática, como se oito anos de ballet clássico fossem suficientes para formar um professor. E não é para ser assim.

É preciso deixar claro o seguinte: ser bailarina clássica é uma coisa, ser professora é outra. É possível ser as duas? Sim. Mas se você nunca pensou em dar aula, faça um favor ao mundo do ballet, não lecione. Deixe isso para as pessoas realmente comprometidas com o ensino, com os alunos e com a própria profissão.

Para terminar, um vídeo sobre o programa “Chance to Dance” do Royal Opera House. Não é preciso entender inglês para perceber a importância dos professores na formação dessas crianças. E como é lindo ver isso!

Canais no YouTube

Não apenas eu, mas várias bailarinas já comentaram aqui, o YouTube é nosso companheiro para encontrar vídeos de ballets de várias épocas, repertórios, escolas e companhias pelo mundo afora.

Há quem vá além e crie canais no site. Algumas companhias de dança criaram esses canais e publicam sempre diversos vídeos sobre a sua trajetória. Isso sim é saber usar uma ferramenta da Internet de maneira inteligente.

Aqui estão os canais de algumas companhias. Quem souber de outros, por favor, nos avise.

New York City Ballet – É um dos mais completos. Há entrevistas com os bailarinos, processos de montagem, trechos inteiros de apresentações. Para ver, clique aqui.

San Francisco Ballet – Trechos de ensaios e apresentações. Para ver, clique aqui.

Houston Ballet – Diversos trechos de apresentações. Para ver, clique aqui.

Royal Opera House – Até o Royal tem canal no YouTube! O que eles fazem são trailers dos espetáculos, tanto de ballet, quanto de ópera e afins. São bem-feitos e nos dão uma vontade imensa de assistir ao vivo. Para ver, clique aqui.

Anaheim Ballet – Esse é um grande conhecido de várias bailarinas. Não há quem não tenha visto, pelo menos, um vídeo realizado por eles. Há tudo: perfis de bailarinos da companhia, trechos de ensaios, clipes, videoaulas, dicas e até uma bailarina que tira dúvidas de internautas. Quem dera existissem mais canais assim. Para ver, clique aqui.

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Quem quiser conhecer os sites oficiais das companhias, basta clicar nos nomes de cada uma.