O lago dos cisnes foi o primeiro ballet de repertório que assisti. Ainda nem pensava em fazer ballet, mas estava mudando de canal e resolvi parar no programa que acabara de começar. Era uma versão do Bolshoi, com a Svetlana Zakharova como protagonista.
Não sei o que aconteceu, mas peguei birra do ballet e da bailarina em questão. Talvez, ali tenha surgido em mim uma imensa frustração, ver tamanha beleza e não poder dançar. Quem diria…
Até que as coisas mudaram. Primeiro, uma foto da Odile, interpretada pela Ulyana Lopatkina. Ela realmente parecia um cisne. No mesmo dia, encontrei um CD do Tchaikovsky, que ganhei há 14 anos, com partes do ballet. Era o momento de dar uma nova chance.
Ontem, assisti ao ballet inteiro novamente. Versão do Teatro Mariinsky (o Ballet Kirov). Adivinha com quem no duplo papel principal? A própria Ulyana. Estou emocionada até agora.
Cena do 2º ato, O lago dos cisnes, Mariinsky Theatre (Kirov Ballet)
A história é linda. Uma mulher-cisne que, para ser libertada de tal encanto, precisa ser amada de verdade. A música alterna entre o vigor e a doçura. Dividido em quatro atos – 1 e 3, coreografado por Marius Petipa, acontece no palácio do príncipe; 2 e 4, coreografado por Lev Ivanov, no lago dos cisnes –, o ballet consegue alternar os focos de ação da história, sem deixá-la enfadonha. Só quem já assistiu a La Bayadère e Giselle sabe como cansa aquela profusão de tutu branco por tanto tempo.
Além disso, nunca vi tantos pas de quatre juntos. E a inventividade e beleza das coreografias? A impressão para quem assiste é que todo mundo do elenco tem o seu momento. Quando a gente menos percebe, corpo de baile se transformou em pas de deux, que virou pas de trois, de repente é pas de six, depois aparece uma variação, mais outra, então o corpo de baile volta. Cisnes grandes, para alegria das bailarinas altas, cisnes pequenos, para alegria das baixinhas. Dança russa, dança espanhola, dança dos leques. Tutus brancos e vestidos lânguidos coloridos. O tutu preto mais lindo que existe. Um bobo da corte que rouba a cena do príncipe. Cisnes negros e cisnes brancos dançando juntos no 4º ato. É lindo demais.
Lamento dizer, mas La Bayadère e Dom Quixote perderam o posto de repertórios preferidos. Agora, o meu grande amor é O lago dos cisnes. Quando terminei de assistir, entendi porque decidi ser bailarina aos 28 anos de idade.
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O repertório completo, em MP3, no Música de Ballet. Para baixar, aqui.
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