Oito vezes Aurélie

Eu costumo dizer que o meu tempo é outro. Tudo corre ao meu redor e eu demoro para realizar algumas coisas, especialmente no blog. Não deixo nada pendente, mas o “para ontem” não funciona para mim.

Disse isso para explicar que eu deveria ter escrito sobre um assunto há três meses, mas não o fiz, tampouco o farei hoje. Primeiro, vou contar a notícia e ao longo da semana escreverei com calma, eu prometo!

A Aurélie Dupont se aposentou ano passado do seu posto de étoile da Ópera de Paris, lembram? Pois em fevereiro deste ano, ela foi anunciada como a nova diretora do ballet da Ópera de Paris depois que Benjamin Millepied pediu demissão (na verdade, provavelmente ele foi demitido, mas discutiremos isso depois). Eu acompanhei ao vivo pelo Twitter da companhia e não acreditei quando soube.

Para quem chegou agora, ela é a minha bailarina preferida, eu a acompanho desde que comecei no ballet, há quase nove anos. Eu andava bem desiludida com os rumos da companhia, quem sabe agora as coisas voltarão aos eixos.

Enquanto o texto contando os detalhes não fica pronto, eis um vídeo editado pela Julimel, do Vídeos de Ballet Clássico, com trechos de oito ballets dançados pela Aurélie entre 2000 e 2014. Prestem atenção como ela passeia por diferentes obras com uma qualidade artística e um talento que poucas bailarinas têm.

Ela não é a minha querida à toa.

Trechos de A Bela Adormecida, Dom Quixote, La sylphide, Jewels, La bayadère, Romeu e Julieta, Daphnis et Chloé e Dances at a Gathering, Aurélie Dupont, Ópera de Paris.

Primeira variação de “Esmeraldas”

Se vocês me perguntassem quais são os meus cinco ballets preferidos, sem dúvida alguma, Jewels estaria na lista. Perdi as contas de quantas vezes eu o assisti e não canso nunca.

Para quem não conhece esse ballet, ele é dividido em três partes, em três pedras preciosas: Esmeraldas, Rubis e Diamantes. Cada uma delas representa um estilo − francês, americano e russo − e possui características bem definidas. As músicas, as coreografias, os figurinos. Além de belíssimo, Jewels é uma aula completa de ballet clássico. Eu já comentei sobre ele diversas vezes e todos os posts estão aqui.

Trailer de Jewels, Pacific Northwest Ballet

Quando eu o assisti pela primeira vez, me apaixonei pelos Rubis. Durante bastante tempo, sonhei em dançá-lo, mesmo não tendo as habilidades necessárias para isso, porque sou baixa e larga e não sou hiperflexível. Em algum momento, me encantei pelas Esmeraldas e ao descobrir que elas representam o estilo francês, meus olhos brilharam. Passei a olhar essa parte de outra maneira e me apaixonei perdidamente. Não só, dançá-la não era algo impossível. Gosto de tudo nas Esmeraldas, mas o meu amor é da primeira variação.

Ontem, a querida Cyndi compartilhou comigo um vídeo do Pacific Northwest Ballet com um trecho de um ensaio dessa variação. A ensaiadora é justamente uma bailarina que era do elenco original. Ela fala sobre os braços, como eles devem fluir, como eles são praticamente independentes da bailarina. Amei ainda mais.

Achei que seria bacana publicar dois vídeos na sequência. Primeiro, esse ensaio do Pacific Northwest Ballet com a ensaiadora Violette Verdy. Depois, a Olesya Novikova, solista do Mariinsky Ballet, dançando essa variação.

Trecho do ensaio da primeira variação de “Esmeraldas”, Jewels, com Violette Verdy, Pacific Northwest Ballet.

Primeira variação de “Esmeraldas”, Jewels, Olesya Novikova, Mariinsky Ballet.