Hoje o “Dos passos da bailarina” está fazendo quatro anos de idade. O primeiro post foi este, um trecho do poema “Eu louvo a dança”, de Santo Agostinho. Desde então, muita coisa aconteceu e a minha relação com a dança foi uma montanha-russa. Passei por três estúdios, sendo duas vezes pelo mesmo lugar. Parei de fazer aulas, voltei, parei novamente. Comecei a treinar em casa. Resolvi me aprofundar nos estudos e comecei uma pós-graduação em dança. Abandonei o curso quando cheguei à metade, porque percebi que não era para mim. Enfim, não vejo mais a dança, especialmente o ballet clássico, com os mesmos olhos, mas uma coisa eu descobri: eu gosto mesmo é de dançar.
Sendo assim, pensei em parar o blog diversas vezes; apagar a página no Facebook então, outras tantas. Manter ambos dá trabalho e nem sempre é prazeroso. Não estou reclamando, tudo bem? Mas é verdade. Não, eu não penso em transformá-lo no meu ganha pão, embora respeite quem o faça. Mas eu tenho profissão e estou bem assim. Afinal, por que eu continuo?
Porque nesses quatro anos, quantas meninas, adolescentes e mulheres começaram a dançar depois de encontrar o blog. Quantas voltaram. Quantas pensaram em desistir, mas vinham aqui e não desistiam. Quantas deixaram de se menosprezar e passaram a dar mais valor à sua própria dança. Quantas mães de bailarinas vieram em busca de informações, e voltaram várias vezes. Quantos meninos, rapazes e homens sempre quiseram fazer ballet e encontraram um incentivo para começar. Quantas bailarinas e bailarinos dançaram em seus espetáculos coreografias que encontraram por aqui. Quantas professoras de ballet indicaram o blog às suas alunas. Quantas alunas comentaram sobre o blog com as suas professoras. Quantos profissionais da dança passaram por aqui e perceberam que o ballet clássico pode não ser a minha profissão, mas tem de mim a mesma dedicação com a qual eu faço o meu trabalho. O mesmo respeito. O mesmo amor.
É por isso que eu continuo, porque sinto que estou fazendo a minha parte pelo ballet clássico. Por favor, não vejam isso como vaidade da minha parte. Não estou me gabando, de verdade. Porque a questão aqui não sou eu, mas o que eu escrevo, as informações que publico, o blog que mantenho. Da mesma maneira que, como revisora de textos, ninguém vê o meu nome nos livros porque todos passam direto pela ficha dos profissionais que os fizeram, mas eu sei que estou lá, há quem não saiba o nome da autora deste blog. Mas eu estou aqui. E fico muito feliz em manter um lugar agregador.
A comemoração deste aniversário será simples, apenas com o entrance de “Raymonda” dançado por uma das minhas bailarinas preferidas. Porque quero manter em mim esse encantamento pelo ballet clássico pelo resto da vida.
Entrance, “Raymonda”, Teatro alla Scala, Olesya Novikova.
Muito obrigada por esses quatros anos. O que será daqui em diante? Eu não sei, mas seguirei dançando.