Estou em um momento vídeos antigos, volta e meia algumas preciosidades surgem na minha frente. Hoje foi esta gravação do Bolshoi Ballet dançando “Bolero”, de Ravel. Poderia ser flamenco, mas é dança caráter. Que coisa mais linda!
Ravel’s Bolero, Bolshoi Ballet, Sergei Radchenko, Elena Kholina, Alexander Lavreniuk, 1967.
Bolero, de Maurice Béjart, foi criado em 1960; a música é “Bolero”, de Maurice Ravel. Carmen Suite, de Alberto Alonso, foi criado em 1967; a música é da ópera Carmen, de Georges Bizet, com adaptações de Rodion Shchedrin.
E por que eu reuni os dois ballets? Explico. A Debora Oliveira, leitora do blog, compartilhou comigo este vídeo de Carmen depois de ler o post que escrevi sobre o assunto. Dia desses, eu reassisti Bolero, do Béjart. Assim que cliquei no link do vídeo, associei os dois.
O foco da ação está no centro enquanto outros bailarinos dançam em volta. As cadeiras estão presentes em ambos os casos. Se prestarmos atenção, há praticamente a mesma palheta de cores: vermelho, bege, marrom, preto. Além disso, existe um desnível nos dois cenários: em um, o solista está em cima; no outro, embaixo. Isso dá um efeito incrível, que não existiria caso todos estivessem no mesmo plano.
Claro, há diferenças. Bolero tem apenas 15 minutos, se passa em uma cena e há um único solista. Carmen Suite tem um ato e 13 coreografias diferentes, com alguns outros bailarinos também em destaque.
Mesmo assim, o mais interessante é notar como os dois ballets partem da mesma premissa – foco no centro, círculo, desnível, outros dançando ao redor – e são completamente diferentes. Nisso reside a genialidade de um artista: pegar algo tão simples e transformar em uma grande obra.
Bolero, obra completa, Maya Plisetskaya
“Habanera”, Carmen Suite, Alicia Alonso
Qual é o meu preferido? Bolero. Dançaria mil vezes, sem enjoar. Mas confesso, sou apaixonada pela ópera Carmen, mas não entendo por que nenhum dos ballets me conquistou para valer até hoje.
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Para assistir à versão de Bolero com a Sylvie Guillem, aqui.
Para ler o post sobre Carmen, aqui.