O ballet como coadjuvante da história

Eu sou uma apaixonada por cinema há muito tempo e tenho uma lista de filmes queridos. Para constar na lista eu tenho de querer revê-los sempre. E isso é raro para mim, não costumo rever filmes, tampouco reler livros.

Entre os meus dez preferidos, dois têm mulheres adultas que fazem ballet clássico. Não são filmes sobre dança, ela apenas faz parte da história de alguma maneira.

Fale com ela (Hable con ella, 2002)

Do espanhol Pedro Almodóvar, o filme conta a história de Benigno, enfermeiro que se apaixona pela bailarina Alicia, que faz aulas no estúdio em frente ao seu apartamento; e Marco, jornalista que namora a toureira Lydia. As duas sofrem acidentes e os dois se encontram no hospital. O filme já começa com Pina Bausch no palco. Assisti tantas vezes que perdi a conta.

A fraternidade é vermelha (Rouge, 1994)

Do polonês Krzysztof Kieślowski, o filme conta a história da modelo Valentine e seu encontro inusitado com um juiz aposentado. Terceiro filme da Trilogia das Cores (Bleu, Blanc, Rouge), é o meu filme preferido. Eu me identifiquei com a personagem logo nos primeiros minutos e quando ela aparece em plena aula de ballet, soltei um suspiro profundo. Na cena em questão, há várias adultas e percebemos claramente que ninguém ali é profissional. Não é um filme fácil, o final é metafórico, além de ser muito mais interessante para quem assistiu aos outros dois (apesar de não serem sequenciais). Sou suspeita para falar, porque amo esse filme de todo coração.

É bacana perceber que o ballet é apenas uma parte da vida dessas personagens. Da mesma maneira que acontece na vida da maioria de nós.