Shamel, Goyo e SPCD

Em maio, falei brevemente sobre a temporada 2019 da São Paulo Companhia de Dança e seus dois primeiros programas. Hoje, estive novamente na companhia para assistir aos ensaios completos de duas novas criações: “Vai”, de Shamel Pitts, e “Anthem”, de Goyo Montero. Elas fazem parte dos próximos programas da temporada.

Shamel Pitts é bailarino e coreógrafo americano. Ele fez parte do Batsheva Dance Company durante sete anos, sob a direção artística de Ohad Naharin, além de ser um professor certificado do Gaga Movement.

Em sua criação para a São Paulo Companhia de Dança, ele pensou em um mundo pós-apocalíptico, onde vemos a capacidade humana de recomeçar. A sociedade e a individualidade, o eu e os outros: foi assim que enxerguei essa obra. Há belíssimas sequências de grupo, mas mesmo assim não deixamos de ver cada artista como um ser único, pessoas que tem o seu próprio caminho a seguir. Os movimentos do corpo são bem diferentes do que estamos comumente acostumados a ver, fluidos e vigorosos, oscilações do tronco, braços amplos e pernas elevadas, e a gravidade como um ponto importante. Parece difícil de compreender, mas fica claro ao vermos em cena. O duo final é sensível e afetuoso coroando lindamente a obra.

“Vai”, de Shamel Pitts. Foto: André Porto/Divulgação.

Goyo Montero é coreógrafo espanhol com obras apresentadas em várias companhias ao redor do mundo. Foi diretor artístico do Nuremberg Ballet durante dez anos e tem uma longa parceria com o Prix de Lausanne. Quem acompanha a competição viu alguma obra sua, feito eu, seja dançada pelos participantes, seja nas apresentações da premiação.

Em sua criação para a São Paulo Companhia de Dança, ele fala sobre o nosso tempo, vemos uma sociedade que se desmancha, se confronta, renasce e segue adiante. É uma obra com começo, meio e fim, mas, olhando atentamente, percebemos como ele nos mostra o ciclo da vida, pelo qual cada um de nós teremos de passar. Dividida em partes, ele conta essa história com movimentos vigorosos, densos, enérgicos, sequências em grupo que exigem técnica, teatralidade e força dos bailarinos. Há uma longa sequência praticamente toda no chão, uma das mais incríveis que já assisti. A cena final poderia ser um quadro, perfeito e acabado. Duvido alguém passar incólume por “Anthem”.

“Anthem”, de Goyo Montero. Foto: Charles Lima/Divulgação.

Shamel e Goyo criaram obras distintas, mas que conversam entre si. Se essas obras fossem literatura, seriam grandes distopias.

Serviço

São Paulo Companhia de Dança

De 31 de outubro a 3 de novembro
“Ngali…”, de Jomar Mesquita, “Odisseia”, de Joëlle Bouvier, “Vai”, de Shamel Pitts
Quinta, sexta e sábado, às 20h
Domingo, às 17h

De 7 a 10 de novembro
“Melhor único dia”, de Henrique Rodovalho, “Supernova”, de Marco Goecke, “Anthem”, de Goyo Montero
Quinta, sexta e sábado, às 20h
Domingo, às 17h

Teatro Sérgio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista
Telefone: (11) 3288-0136
www.teatrosergiocardoso.org.br

Ingressos:

R$ 65,00 (plateia central/inteira)
R$ 50,00 (plateia lateral/inteira)
R$ 40,00 (balcão/inteira)
Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ou pelo Ingresso Rápido (programa 1 e programa 2)

Nova temporada da São Paulo Companhia de Dança e sorteio de ingressos

“Sem fronteiras”, esse é o tema da temporada 2019 da São Paulo Companhia de Dança. Serão quatro programas, sendo dois em junho e dois entre outubro e novembro, somando onze espetáculos, um mais interessante do que o outro.

Vamos nos concentrar nos programas de junho, que vão acontecer em breve.

Nova obra de Édouard Lock, São Paulo Companhia de Dança. Foto: Divulgação.

Programa 1, de 6 a 9 de junho
“Agora”, de Cassi Abranches, e pré-estreia de Édouard Lock

Na visita à companhia, eu assisti à obra completa da Cassi Abranches e a uma sequência da obra do Édouard Lock. Eu me apaixonei pela primeira e fiquei impressionada com a segunda. Para quem gosta de dança contemporânea e vê a música como um ponto central da coreografia ‒ em ambas, corpo e música são indissociáveis ‒ esse programa é para você.

Balé Pulcinella, Giovanni Di Palma, São Paulo Companhia de Dança. Foto: Fernanda Kirmayr.

Programa 2, de 13 a 16 de junho
“A morte do cisne”, de Lars Van Cauwnbergh, “Balé Pulcinella”, Giovanni Di Palma, e “Suíte para dois pianos”, de Uwe Scholz

O Lars Van Cauwnbergh se inspirou na obra de Michel Fokine, o autor da famosa coreografia. Quem nunca se emocionou ao assisti-la? O “Balé Pulcinella” é uma pérola do neoclássico e “Suíte para dois pianos” é um belo contemporâneo. Almas clássicas, que defendem o ballet com unhas e dentes e sonham com as sapatilhas de ponta, esse programa é para vocês.

Serviço:

São Paulo Companhia de Dança

De 6 a 9 de junho
“Agora”, de Cassi Abranches, e pré-estreia de Édouard Lock
Quinta, sexta e sábado, às 20h.
Domingo, às 17h.

De 13 a 16 de junho
“A morte do cisne”, de Lars Van Cauwnbergh, “Balé Pulcinella”, Giovanni Di Palma, e “Suíte para dois pianos”, de Uwe Scholz
Quinta, sexta e sábado, às 20h.
Domingo, às 17h.

Teatro Sérgio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista
Telefone: (11) 3288-0136
www.teatrosergiocardoso.org.br

Ingressos:
R$ 65,00 (plateia central/inteira)
R$ 50,00 (plateia lateral/inteira)
R$ 40,00 (balcão/inteira)
Eles podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ou pelo Ingresso Rápido (programa 1 e programa 2).

Acabou? Ainda não!

SORTEIO

Vou sortear quatro pares de ingressos: dois para o primeiro programa e dois para o segundo, todos para apresentações de quinta e sexta-feira. Para participar é bem simples.

Ir ao perfil do blog no Instagram, que acabei de criar, o @dospassosdabailarina
Curtir a foto do “Balé Pulcinella”
Seguir o @dospassosdabailarina
Seguir a @saopaulociadedanca
Torcer para ganhar

O resultado será divulgado na sexta-feira, dia 24 de maio, tanto no Instagram quanto no blog. Boa sorte!

Uma brasileira no Prix de Lausanne 2018

O Prix de Lausanne 2018 aconteceu entre os dias 28 de janeiro e 4 de fevereiro. Eu sigo a competição em várias redes sociais, mas a última vez que acompanhei com afinco, de assistir à final ao vivo, foi em 2014. De lá para cá, eu via apenas o resultado de relance, se muito.

Quando saiu a lista dos finalistas desta edição, vi as fotos no Facebook e achei tudo bem acrobático, não me animei nem um pouco para assistir. Depois do resultado, soube que uma brasileira foi uma das vencedoras, mas não fui atrás para saber mais.

Parece desdém? Pois olhem a lição que levei.

Nas atualizações do YouTube, apareceu o vídeo da Carolyne Galvão, a bailarina brasileira que ganhou a sétima bolsa de estudos. “Vou assistir, o que custa?”. Abri o link, fui fazer outra coisa e deixei para lá. Hoje, não sei por qual motivo, voltei para assistir.

Como ela é incrível! A sua qualidade técnica, os movimentos limpos parecem fluir do corpo da Carolyne sem o menor esforço. E a musicalidade? Resolvi procurar a lista de vencedores e assisti às apresentações clássicas de todos eles.

Eu dormi esse tempo todo? Ninguém ali parecia estudante de dança: quase não houve exagero, perna na altura certa quando era preciso, domínio do próprio corpo, pontuaram na música sem titubear. O primeiro colocado já pode sair dali facilmente para uma companhia. Também gostei muito da oitava colocada, graciosa e musical. Nem preciso comentar sobre a qualidade técnica de todos… Olha, como eu fiquei feliz por estar tão enganada!

A lista de vencedores e vencedoras está aqui.
Quem quiser ver as apresentações, separadas por coreografias clássicas e contemporâneas, aqui. A lista está em ordem de classificação.

Além da sétima bolsa de estudo, a Carolyne Galvão também recebeu o prêmio de preferida do público. Não é difícil entender o motivo. Estou só o amor por ela!

Carolyne Galvão, Prize Winner, Prix de Lausanne 2018.
A coreografia contemporânea, aqui.