Há algumas coreografias de repertórios que ficam tão marcadas em nós, que não conseguimos dissociar música e passos. Ao ouvirmos a música, lembramos dos movimentos. Se virmos os movimentos sem áudio, a música já começa a tocar em nossa mente. Sendo assim, assistir a uma outra coreografia com a mesma música sempre causará estranhamento.
Geralmente, eu gosto de algumas inovações. Por exemplo, essa coregrafia para “O adágio da rosa”, de A Bela Adormecida, criada por Matthew Bourne. Mas hoje eu assisti a uma novidade que estranhei demais! Olhando friamente, gostei bastante, mas é impossível me desapegar da versão mais conhecida. É a coda do sonho de Dom Quixote. Em dado momento, já esperei os vários grand jetés da Dulcinea e da Rainha das Dríades, sem falar na ausência do Cupido.
A coreografia que a maioria conhece é esta. Essa outra é da nova montagem de Dom Quixote, do Semperoper Ballett, com coreografia de Aaron S. Watkin. Além disso, o nome mudou para “O reino de Doña Dulcinea”. É ou não é estranho de assistir?
“O reino de Doña Dulcinea” (The Kingdom of Doña Dulcinea), Dom Quixote, Semperoper Ballett.
Minha professora montou A Bela Adormecida uma vez, e se baseou na montagem da Ópera de Paris pra fazer a coreografia das Fadas. Pra mim, aquela sempre foi a coreografia “certa”. Assisti à versão do Royal e amei, mas ao mesmo tempo foi tão esquisito! Eu sempre esperando um passo e os bailarinos fazendo outro kkk
Sarah, isso é muito maluco, não é? As coreografias colam na gente e não tem jeito, por mais belas e incríveis que sejam as outras, a gente sempre volta a nossa “original”. Imagina só as bailarinas que dançam versões diferentes, eu viveria perdida, hehehe.
Que lindo, Cássia! Eu não uso o termo Sonho, em uma de minhas pesquisas sobre o ballet, encontrei a cena como ” O jardim de Dulcinea”, que acho particularmente encantador. Ele retrata esse trecho associando as cores desse jardim com as emoções de D. Quixote quando ele é recebido não como um louco e sim como um sonhador. Esses sentimentos são “O amor, a ternura e a alegria”. Aliás, estou nesse ano, diante de mais uma montagem de D. Quixote e “O jardim de Dulcinea” . Beijos
Querida Myrna, muito obrigada pela explicação! Sempre aprendo com você. ❤
Sobre a coda/Sonho de Dulcinea, não tem jeito: eu assisto e assisto e assisto, mas eu involuntariamente sempre comparo com a versão do Mariinsky com Novikova, Obraztsova e Somova. Nunca consigo achar tão bonito e tão delicado como nessa 😦 https://www.youtube.com/watch?v=KuIkEOGGIl4
Carol, eu só assisti às variações dessa montagem, nunca o sonho completo. Verei nesse link, muito obrigada! Eu acho esses figurinos uma coisa linda, o da Dulcinea então, é um dos meus tutus dos sonhos.