Adeus, Maya

Ontem faleceu a bailarina Maya Plisetskaya. Não existe história do ballet clássico sem ela. Impossível pensar em grandes repertórios sem ela. Para mim, a maior Odile de todos os tempos.

O ballet clássico mudou e não choremos por isso. Mas hoje não existe uma única bailarina que chegue próximo ao que ela foi. Sinceramente? Bailarinas grandiosas iguais a ela fazem parte do passado.

Maya, o meu amor pelo ballet é um pouco maior porque você existiu.

Na sequência, “Variação do Lenço”, “Variação do Sonho”, “Variação da Valsa ou Variação do Pizzicato”, “Variação do Grand Pas ou Variação da Claque”, Raymonda, Bolshoi Ballet, Maya Plisetskaya, 1959.

13 comentários sobre “Adeus, Maya

  1. Eu fiz ballet por um ano e durante esse período, só escutava da professora que tudo era perna alta.
    Perna alta na orelha, no nariz e na nuca.Ela e as outras alunas sempre me humilhavam.Riam de mim por não ter um espacate perfeito e a perna nas alturas e viviam dizendo que nem para professora eu serviria, pois era muito tarde para mim. Hoje já não estudo mais, porque vi que o ballet que eu tanto queria, já não existe e que se for pra eu ficar sofrendo assim, sendo humilhada, fico em casa.
    Vi a Maya dançar e o ballet dela era o que eu sempre almejava, mas infelizmente não encontrei.
    As meninas do estúdio riam e diziam que eu tinha inveja por não ter uma perna alta, mas se vc pegar a história do ballet, vai ver que em nenhum momento ele descreve que a bailarina tem que ser uma acrobata.Não existe esse negócio de perna no alto a 100 graus ou mais. Modificaram muito o que era para ser o ballet de verdade. Por isso, não falo que é despeito ou inveja minha, porque o ballet de verdade não é esse que vemos hoje em dia. Eu falo isso, porque já cansei de ouvir as pessoas dizendo que as bailarinas de ontem não tinham técnica e as de hoje é que tem.
    e, quando a gente fala bem de bailarinas como a Maya, os outros dizem que preferimos as do passado, porque temos inveja das de hoje que levantam as pernas nas orelhas.

    1. Edina, antes de mais nada, o que você passou nessa escola foi um absurdo! Além disso, percebe-se que nem a professora, tampouco as alunas, entendiam de ballet clássico, pois se ele se resumisse a perna alta, não seria necessário estudar tanto tempo. E quem diz que as bailarinas do passado não tinham técnica, sabe menos ainda! Inveja de perna alta? Tanta coisa para invejar, vamos cismar com isso? Você tem muito mais conhecimento e entendimento do que é o ballet clássico do que todas elas juntas. Ainda bem que você saiu de lá! E se te conforta, há muitas pessoas que queriam aprender esse outro ballet, esse no qual a gente acredita. 🙂 Eu também ainda não encontrei uma escola assim, quem sabe um dia. Beijo imenso.

    2. Nossa! Me senti igualzinha á vc.Fiz ballet durante um ano e meio e sai porque estava farta de ficar levando desaforo pra casa. Eu queria dançar, porque quando criança não tive essa oportunidade, mas queria dançar pra mim mesma e não para sair por aí competindo ou ser profissional. Só pessoal mesmo.Mas a professora só me desanimava, fazia eu passar vergonha por estar acima do peso e as outras alunas coxixavam sobre mim.Teve uma vez que era aula de alongamento e umas das meninas disse que seria presciso um guindaste pra levantar a minha perna.Uma vez a professora até tirou xerox de uma dieta de uma revista e me deu.Dizendo quw era para eu tentar emagrecer. Só passava vergonha e tristeza. Daí cansei e sai. Sabe, tudo era só perna alta, ter flexibilidade e ser magra. Só isso.

    1. Alexandra, imagina, não tem problema. Eu respondi tudo de uma vez no outro comentário. Grande beijo!

  2. Olá!
    Vi seu blog e fiquei com vontade de comentar aqui. Então, com licença.
    Sabe, vi o video e o que você escreveu me tocou bastante. Eu também amo o ballet clássico, mas não participo dele como gostaria por vários motivos, mas mesmo assim não deixo de amá-lo. Você tem toda a razão quando diz, que bailarinas como a Maya fazem parte do passado. Não é que não tenha bailarinas boas, mas o ballet de hoje mudou muito aquele conceito de dança romântica, suave, delicada e outras coisas mais que faziam o ballet do passado. Quando assisto videos no Youtube, a maioria não me passa emoção.São até bonitos esteticamente, mas falta sentimento. As companhias de hoje querem mais ginastas do que bailarinas e isso se nota muito em todas elas. As bailarinas se empenham tanto em levantar a perna na orelha que o resto fica tudo mecânico.
    Perdão se fui rude com as palavras, mas acho que a maioria, assim como eu sente isso.
    Quando vi a Maya dançar o Cisne Negro, realmente me tocou. Achei tão belo. E olha que a perna dela não estava na orelha. Agora, vi a Svetlana dançar o Cisne Negro e não me passou a mesma sensação da Maya. A técnica dela é impecável, mas se você ver bem, irá notar o quanto é mais ginástica do que ballet. Aqui o link: https://www.youtube.com/watch?v=dzL51iXMdwc
    Sinceramente, o ballet do passado mexe mais comigo.
    Obrigada por ler e por disponibilizar um material tão bacana que é seu blog.
    Bjs 😉

    1. Alexandra, concordo com você, a técnica está além do sentimento, é raro encontrar bailarinas e bailarinos que nos emocionam. Acho isso uma tristeza! Eu não sou uma fã da Svetlana Zakharova, mas confesso que gosto da sua Odile. Claro, não chega aos pés da Odile da Maya, mas é quando sinto que ela está mais confortável na personagem, especialmente no começo, mas daí ela sobe a perna na orelha e meu encanto desaparece. Assisti aos dois vídeos da Odette na sequência e as diferenças ficam ainda mais evidentes! Hoje em dia, uma bailarina que eleva a perna na mesma altura da Maya não trabalha em lugar algum. Somos da mesma turma, o ballet do passado também mexe mais comigo. Infelizmente, só temos vídeos para nos contentar. E, fique tranquila, você não foi rude em momento algum. 🙂 Muito obrigada pelos links. Grande beijo.

  3. Nunca tinha visto a Maya como Odile. Meu. Deus. Acho que o finalzão, quando o Siegfried descobre toda a farsa, é minha parte favorita; a interpretação dela (afinal de contas, ballet é arte e não ginástica artística) foi a única que me disse, com todas as letras, que aquele príncipe foi um verdadeiro babaca. E eu amei isso. Ela teve a força que eu sempre procurei tanto em uma Odile. Luto pra entender como o ballet clássico, especialmente o russo, saiu da Maya e chegou nisso aqui: https://www.youtube.com/watch?v=OCoU9pDk2Sw
    Sei que a Maya era do Bolshoi e a Alina é do Mariinsky, mas vocês entendem onde eu quero chegar. Descanse em paz, Maya, e que um dia o ballet clássico volte aos pés do que você foi.

    1. Sarah, há um bom tempo eu publiquei no blog dois vídeos da Maya ensaiando a Marie-Agnès Gillot para o papel de Odile, e numa parte ela fala mesmo para ela pensar “Príncipe idiota!”. No palco, parece que lemos o pensamento dela. Assista aos vídeos, que sensacionais: https://dospassosdabailarina.wordpress.com/2012/06/27/ensaio-com-a-maya-plisetskaya/ Sinceramente? Eu joguei a toalha diante do que o ballet clássico se tornou, pois já existe uma geração que ama bailarinas assim. Quem sabe um dia isso mude (mas, confesso, não tenho grandes esperanças não…). Beijo grande.

  4. Fiquei super chocada quando vi a notícia… Ela ainda parecia tão saudável, imaginei que ainda a teríamos entre nós por mais uns 5 ou 10 anos…
    A Maya sempre foi e sempre vai ser a minha favorita, a que representa absolutamente tudo em que eu acredito no ballet, e continuarei a admirando por suas ideias e condutas inovadoras (e rebeldes). Acho engraçado que tem gente que vai nos vídeos dela comentar que “ela não tem técnica” (sic), que “a perna dela é baixa”, que “ela não tem leveza” (sic sic sic), que “a fulana (insira aqui alguma bailarina meets acrobata) é melhor”… Gente, vocês sabem quem é ela? pega o Bolshoi hoje e perceba que a “base” interpretativa, o standard de quase todos os grandes papéis femininos é dada por ela! Todo mundo tá lá querendo ser um pouquinho da Odile, Kitri, Raymonda, Carmen etc que ela era (não tirando o mérito delas, até porque qualquer grande companhia que se preze que teve uma lenda dançando em seus palcos faz o mesmo, mas existe esse peso enorme da tradição). Ela é um monstro sagrado na Rússia! Não gostar dela é um direito de qualquer um, mas falar absurdos como esses só mostra ignorância.
    Enfim, descanse em paz, Maya! sentiremos sua falta!

    1. Carolina, também já li essas críticas nos vídeos dela e sempre me impressiono. É a Maya! O seu comentário é perfeito, deu vontade de colocar no post. Beijo imenso!

  5. Esse vídeo não tinha visto!
    UAU! Ela convence qualquer um de que é Raymonda mesmo. Não parece nada forçado, a alegria é genuína; não tem frescura técnica pra sair bem na foto. Não tem medo de não ser perfeita.
    tô mais exigente com as Raymondas agora. ❤

    Beijocas

    1. Cyndi, a Maya era incrível em qualquer papel. Ela simplesmente dançava! Que falta que isso faz… Beijo gigante.

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