A Boo que existe em cada uma de nós

Quem assiste à série “Bunheads” conhece a Boo, personagem da atriz Kaitlyn Jenkins. Não apenas atriz, mas bailarina. Neste mês, ela foi capa da revista Pointe. A matéria completa, em inglês, pode ser lida aqui.

Foto: Nathan Sayers.

Na entrevista, descobrimos que sua mãe foi bailarina profissional e fez parte do Pacific Northwest Ballet e Los Angeles Ballet antes de abrir o seu próprio estúdio de dança. Foi lá onde Kaitlyn começou a estudar ballet para depois prosseguir em vários outros programas de estudo.

A grande questão é: ela não tem o tipo físico para o ballet clássico. Nem vou dizer profissional, porque nós sabemos que as amadoras também são pressionadas para emagrecer, mesmo que sua constituição física não permita isso sem prejudicar a sua saúde. Todas as vezes em que falo sobre as habilidades físicas para o ballet − en dehors, flexibilidade, equilíbrio, força, coordenação motora − alguém me rebate e dá o exemplo de uma bailarina que não tem alguma dessas habilidades, mas se esforçou para ter. Agora, se eu disser que uma bailarina tem uma técnica impecável, mas não é magra, aí todo mundo dirá: “Mas de que adianta, ela é gorda”. Sabe o que isso significa? Seja magra e o seu en dedans será perdoado. Não seja magra e nem uma excelente técnica absolverá você.

Foi assim com Kaitlyn. Sua mãe sabia como as coisas seriam difíceis e instruiu a filha da melhor maneira possível. “Eu ensinei a ela: se você ama isso, há um lugar para você.”

Realmente, havia esse lugar. Hoje, Boo é a preferida da maioria dos espectadores de “Bunheads”. Não apenas por ser encantadora e dançar lindamente, mas porque nos vemos naquela menina que ama tanto o ballet, se dedica dia e noite, mas sabe que isso não é suficiente.

Cena do episódio 11, da primeira temporada de “Bunheads”. A Kaitlyn Jenkins é a de collant vermelho.

Será que não é suficiente? Quem conhece a Pointe sabe quais bailarinas já foram capa da revista. Quem não sabe, pode conferir aqui. Alguém conseguiria imaginar uma bailarina como a Kaitlyn Jenkins ali? Pois lá está ela. Hoje é a capa, amanhã será a companhia de dança. Duvidam? Esperem dançando porque esse dia vai chegar. Eu sei que vai.

4 comentários sobre “A Boo que existe em cada uma de nós

  1. Nossa, e a pura verdade, o corpo e importante sim, mas da pra emagrecer e engordar, mas paixao a gente nao obtem, a gente nasce com. Tambem estou uns quilinhos a mais, mas nada demais, e varias pessoas dizem que gostam de me ver dancar, nao pela aparencia, mas pela graciosidade, acho isso muito importante. Hoje estava vendo um post do Lucas Splint, no qual ele falava que a primeira bailarina nem sempre e a mais an dehors, ou mais aberta, mas e aquela que faz as pessoas se emocionarem ao dancar.

    Desculpa pela falta de acentos, meu pc ta com problema

  2. Cássia eu concordo com você. Técnica é essencial, claro, mas técnica a gente aprende. Paixão basta. E com ela a gente nasce, ninguém ensina. Eu sou completamente en dedans (quando eu era bebê, tinha os pés virados bem pra dentro, minha mãe sofreu um descolamento de placenta e foi problema de formação mesmo, mas fiz tratamento e hoje quase ninguém repara), sou mais alta do que seria “adequado” pra uma bailarina e provavelmente estou um pouquinho acima do peso (não é fisicamente aparente como é o caso da Kaitlyn, mas a gente sabe que no ballet cada quilinho faz diferença). Não é segredo pra ninguém que eu fico meio desajeitada e tenho muitas dificuldades pra manter a postura, especialmente na ponta, mas sabe o quê? Muita gente – amigas, alunas de outras turmas, mães – já me disse (e provavelmente é a maior falta de modéstia eu ficar falando isso, então me desculpe) que adora me ver dançar, porque eu amo ballet mais do que tudo e, no palco, isso fica muito claro. Pra mim e pra minha professora, sempre bastou. Aposto que pra Kaitlyn também.

  3. Nossa que maravilhoso! adoro quando vejo um post assim, cheio de esperança para nós.. Gosto também de pensar assim, que, a passos de tartaruga talvez, mas as coisas estejam SIM mudando.. E pra melhor, pra muito melhor!
    linda ela, bailarina de corpo E ALMA , que é o que importa, pois eu já conheci pessoalmente bailarinas de corpo mas que nãp tinha em seu comportamento nada de bailarina.. era só a casca.. É uma pena que o corpo ainda tenha mais peso, mas eu sempre lembro que, na hora da dança, a graça que se externa é aquela do interior da pessoa.
    beijos, Cássia!

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