A segunda dança

Quando eu comecei a dançar, fazia aulas de duas modalidades diferentes: ballet clássico e dança do ventre. Seis meses depois, iniciei na dança cigana. Foram as únicas três que estudei “para valer”. Conheci algumas outras por aulas experimentais ou pouco tempo de estudo, mas desde 2009, o meu foco é apenas o ballet clássico.

Uma vez me peguei pensando sobre o assunto e concluí que eu era muito mais feliz quando também dançava outras danças. E por algumas razões.

A primeira é perceber que existe vida além do ballet clássico. É ideia corrente que ele é “a base das outras danças”, o que não é verdade. O ballet nos dá consciência corporal e domínio do próprio corpo, mas ele não nos habilita a dançar bem as demais danças. Há quem seja incrível no flamenco e uma negação no ballet. Há sapateadoras espetaculares que nunca viram uma barra fixa na vida. Eu mesma já vi bailarinas clássicas darem vexame em outras danças. Também me apresentei em um espetáculo com uma bailarina clássica considerada uma negação… Até descobrir que não só ela era professora de outra modalidade, como a dançava divinamente.

Daí vem a segunda razão, quem acha que não dança bem ballet clássico pode se surpreender consigo mesmo em outra dança. Nem sempre comentamos o sofrimento que é querer dançar bem ballet e não conseguir. É uma frustração sem tamanho! Com outra dança, acho que conseguimos diminuir um pouco essa sensação de fracasso, acho importante até para a nossa autoestima. Queremos dançar bem. Se não o ballet, que seja outra dança…

Por fim, perceber do que nosso corpo é capaz. Quando fazemos mais de uma dança, temos contato com outros movimentos e músicas diferentes e nosso corpo descobre outras possibilidades.

Claro que ninguém precisa se transformar na louca das mil aulas e dançar tantas coisas diferentes. Eu passei por essa fase, chegava a fazer aulas de quatro modalidades em um único dia, e tinha a sensação de não dançar nada direito. Pelo menos para mim, uma segunda dança está de bom tamanho.

E como escolher outra dança? Experimentando. Eu descobri que não dou certo no jazz e no street dance, por exemplo. Parece que estou fora do meu lugar. Também sou reticente com a dança contemporânea, mesmo a aula sendo uma delícia de fazer, porque não gosto dos movimentos no chão. Parece bobagem, mas para mim isso é um martírio! Eu faço, mas não sou fã.

Por outro lado, eu sempre saí feliz das aulas de dança cigana, me sentia a mulher mais linda do condado! Adorava dança do ventre, porque é a única que eu dançava relativamente bem. Agora, a próxima da lista para eu conhecer é o flamenco.

Há mil possibilidades além do ballet clássico. No blog, eu criei uma categoria para falar apenas sobre outras danças, o “Dos outros movimentos”, e já escrevi posts sobre dança do ventre, jazz, flamenco, dança cigana, dança contemporânea e danças circulares. Vocês também podem pesquisar sobre sapateado, dança clássica indiana, dança moderna, danças populares brasileiras, dança afro, street dance, dança de salão e por aí vai.

Conhecer o mundo da dança é fascinante. Temos a real dimensão de que há espaço para todo mundo e que não existe uma única dança melhor do que a outra. Existem danças. E só.

4 comentários sobre “A segunda dança

  1. Acho que minha segunda dança seria o sapateado. Amo! Acho lindo!
    Mas é uma modalidade não muito fácil de se encontrar por aqui… Que pena!

    Beijocas, Cássia!

  2. Adoro o seu blog e, desde que comecei a fazer ballet clássico, no início deste ano, virei uma leitora assídua dos seus posts!
    Sempre tive vontade de experimentar outras danças, provavelmente começarei (retomarei após 13 anos, para ser mais exata! rs) o jazz!

    Obrigada pelos posts, que sempre me trazem muitas coisas em que pensar!

    Um beijo!

  3. Eu sempre me senti uma negação pra ballet, apesar de minhas amigas falarem que levo jeito! Eu amo muito as aulas, mas sinto muita dificuldade. É como se me faltasse vigor, me sinto pesada, desajeitada. A coisa mais difícil pra mim é o en dehors…

    Minha amiga me incentiva a fazer aulas de dança cigana, o que eu acho muito interessante, mas sabe um medo de ser desajeitada em outras danças? Então. E, para mim, me parece muito estranho dançar sem sapatilhas! Por exemplo, dança de salão. Usar salto alto? Não consigo nem andar com ele! Parece algo tão estranho, do outro mundo… Mas acho que todas nós devemos perder um pouco dessa alienação(mas não o amor) pelo ballet. Talvez eu seja melhor em outras danças, não? Acho que a decepção principal é em não se sentir à vontade com algo que você gosta. Amanhã mesmo eu vou fazer uma aula com a turma avançada(já que as aulas acabaram e a partir de amanhã serão só ensaios gerais, a professora nos estimulou a fazer as aulas avançadas desta semana). Devo dizer que estou morrendo de medo! Espero que eu encontre algo que eu seja boa de verdade. Caso contrário, espero que eu “encontre minha liberdade” no ballet. Obrigada!

  4. costumo dizer que sou mesmo ‘a louca das danças’ hahaha e se pudesse eu farias outras modalidades, além do clássico e do flamenco. (especialmente jazz…)
    mas fiquei feliz em saber que você vai conhecer melhor o Flamenco! e já espero de coração que você goste 🙂
    um beijinho

Os comentários refletem a opinião das leitoras e dos leitores e não correspondem, necessariamente, à opinião da editora do blog.

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s