No primeiro post, eu contei como foi a minha visita à São Paulo Companhia de Dança. Hoje, falarei sobre os novos projetos, relatados por Inês Bogéa (diretora da companhia) durante a coletiva de imprensa. Também falarei brevemente como a companhia funciona.
Programa Dois a Dois
Até então, a SPCD havia remontado três ballets: “Serenade”, “Theme and Variations” e “Tchaikovsky Pas de Deux”, todos de George Balanchine. Graças a esse programa, dois grand pas de deux foram remontados: “Dom Quixote”, que já estreou, e “O Quebra-Nozes”, que estreará em setembro. A ideia é apresentar ambos no mesmo espetáculo, para vermos como dois grand pas de deux, de dois ballets de repertório, podem ser bem diferentes entre si.
Ateliê Coreográfico
Com estreia prevista para dezembro, três coreógrafos brasileiros convidados criarão obras especialmente para a companhia. Elas deverão ter em torno de dez minutos e de 2 a 10 bailarinos. O objetivo é ampliar a cena contemporânea, e circular pelas cidades do estado de São Paulo com obras que podem ser apresentadas em diferentes tipos de palco. Depois, dessas três coreografias, uma será escolhida para integrar o repertório da companhia.
Dança em Rede
Uma espécie de “Wikipedia da Dança”, em que grupos de dança do estado de São Paulo poderão, eles mesmos, alimentar o site com informações de suas companhias. É uma maneira de facilitar o diálogo, pois os grupos podem avisar uns aos outros sobre suas temporadas em outras cidades, gerando um intercâmbio artístico. A previsão para o site entrar no ar é entre os meses de setembro e outubro. No começo, será apenas para São Paulo, mas existe a ideia de expandi-lo para todo o Brasil.
E como a São Paulo Companhia de Dança funciona?
Há aulas de ballet clássico todo dia, logo pela manhã, com professores residentes ou convidados. Às vezes, há aulas de dança moderna. Por conta do “Ateliê Coreográfico”, os bailarinos terão aulas de dança contemporânea.
O repertório da SPCD é formado por obras inéditas e remontagens. Em ambos os casos, quem escolhe o elenco é o coreógrafo ou remontador da obra em questão. Se por um lado isso deve ser bem estressante para os bailarinos, por outro, todos têm a mesma oportunidade. Trabalha-se com, pelo menos, dois elencos, caso haja lesões ou outros imprevistos. Além disso, o coreógrafo pode trazer um ensaiador.
A companhia se apresenta pelo estado de São Paulo, sempre a preços populares, e também em outras cidades pelo Brasil. E há uma temporada por ano fora do país.
Resumidamente, sim, é muito diferente do que imaginamos. Em uma companhia, o “sonho” dá lugar ao “trabalho”. A busca não é simplesmente pelo desejo pessoal de melhorar, mas porque há algo muito maior sendo realizado, do seu trabalho depende a qualidade das obras e da própria companhia. Sem essa consciência e esse comprometimento, sinto muito. A dança profissional não é para você.
A seguir, um vídeo com trechos do documentário “Canteiro de Obras”, de 2010. Vemos um pouco sobre o trabalho dos bailarinos e de outros dois projetos da São Paulo Companhia de Dança.
O próximo e último post sobre minha visita será sobre Tatiana Leskova, aquela que reafirmou o meu amor pela dança.
Que projetos lindos! Confesso que fiquei com vergonha de não conhecer nada da São Paulo Companhia de Dança, nadinha mesmo. Mas com a curiosidade que esse post me deixou isso vai mudar logo logo. A começar por esse documentário que parece ótimo, quero assistir. E torcer pra ter a oportunidade de assistir a essas montagens, é claro.
Nossa Cássia, só de pensar que você estava lá enquanto eles falavam sobre todas essas coisas lindas… um sonho mesmo.
Beijos