Para mim, ela é a grande diva do ballet do nosso tempo. Ela tem uma aura de poder que nenhuma outra tem.
Foto: Johan Persson
Selecionei alguns trechos da entrevista concedida por ela para o The Arts Desk, um site atualizado diariamente com informações sobre as mais diversas artes. Quem quiser ler a entrevista completa, em inglês, aqui. Quem quiser ler o que considerei mais pertinente para nós, basta seguir a leitura do post.
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“O mais importante é que acredito que é hora de tentar recriar a Era de Ouro da dança, a fim de ela não ser tão isolada como arte e tentar unir diferentes formas artísticas, para colaborar e criar novamente uma arte que está viva. É muito importante manter a tradição, mas nós também precisamos criar um futuro para a tradição. As tradições na Inglaterra são muito jovens, têm apenas 50 anos de idade. Mas para onde irão nos próximos 20 ou 30 anos? Eu acho que poderei ser, finalmente, a pessoa certa a olhar para esse ponto. Também não é por que eu quero continuar dançando. Eu realmente estou me preparando para a próxima fase. Estou indo ao Canadá neste retiro de diretores, fiz a minha licenciatura em artes na Universidade da Espanha, vou fazer meu doutorado daqui uns anos, estou estudando para isso. E finalmente encontrando as pessoas que eu preciso para colaborar comigo. Eu estou muito empolgada. Empolgada demais! É por isso que eu tenho este diário [ela está fazendo um diário contando o seu dia a dia de bailarina, por isso o título da entrevista] porque eu preciso terminar, preciso dançar até então. Porque uma vez que eu deixar ir, como você deixa ir um balão, acabou, você não pode voltar atrás. Por isso me preocupa a maneira como estou tão empolgada com a próxima etapa. Eu não quero me arrepender.”
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“Porque, na verdade, você não é uma bailarina clássica se acabou de fazer duas Belas Adormecidas, três Giselles na vida. Você precisa fazer 20 Lagos dos cisnes, 20 Belas Adormecidas, 100 Quebra-Nozes e 60 Giselles para então saber o que é o seu trabalho, para realmente entender o repertório. […] E eu não acho que os primeiros dez anos da minha carreira valeram até agora. Foi um lixo. Depois de dez anos, você começa a conhecer a sua habilidade e a sua profissão, profundamente, e você só pode conhecer de verdade fazendo coisas grandes.”
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“A revolução da perna alta aconteceu principalmente pela Sylvie, mas não se pensava em colocá-la no ensino. Você não vê a Sylvie ‘developpando’ por conta de uma perna alta, mas quando eles importaram para a Rússia virou moda, não uma compreensão do movimento. Ela foi tirada de contexto e, em seguida, tornou-se uma exigência. Hoje é muito difícil ser uma bailarina de nível internacional a menos que você tenha esse tipo de extensão da perna. Sylvie sempre será um gênio e eu acredito que ela fazendo o começo de Giselle, quando você vê o seu développé, não é apenas a perna subindo, é tudo subindo, seu coração, sua alma, seu ser. E você vê e percebe que o seu développé está crescendo do chão e tocando Deus. Mas você vê outra pessoa fazer isso e é apenas para conseguir esse ângulo. É por isso que você tem de desenvolver o talento artístico daquele bailarino, não apenas abrir o ângulo da sua perna. Manter a assimilação e o desenvolvimento da técnica, mas apenas para dar aos artistas mais armas para a arte.”
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Tamara Rojo, de hoje em diante, você é minha musa.
Eu perdi boa parte do meu respeito pela Tamara Rojo quando assisti isso aqui:
Uma bailarina tão cheia de “moralismos” pra cima das russas, e depois se presta a esse show de circo?
Sem querer ofender você, Cássia, ou quem for fã da TR, mas ao menos pra mim, uma perna a la seconde na orelha sem significado ou relevância na coreografia e uma sequência de balances circence, sem estabilidade e o que é pior, sem respeito algum pelo ritmo ou fraseamento musical não são assim tão diferentes…
Fora que eu não entendo isso: ser diretora artística de uma companhia e manter o posto de primeira bailarina na mesma não faz muito sentido nem parece ser muito correto…
Na minha opinião (e eu espero não estar ofendendo ninguém), o mundo do ballet é cheio de hipocrisias! A vários níveis!
Um beijo querida e continue o otimo trabalho
Dri, assisti ao trecho do vídeo e fiquei pensando qual era o problema. A Tamara Rojo é uma grande bailarina, mas há dias em que as coisas simplesmente não funcionam e isso não significa desrespeito. Se o balance dela fosse cambaleante assim em todas as suas apresentações, entenderia o seu apontamento, mas não é o caso. Por outro lado, concordo que há conflito de interesses ao ser diretora artística e primeira-bailarina de uma mesma companhia, e acho a mesma coisa no caso de coreógrafos. Ela sempre faz os papéis principais das obras mais importantes, claro, se é ela quem escolhe quem dança o quê… O mundo do ballet é mesmo cheio de hipocrisias e, a meu ver, esse é um dos motivos que atrapalham demais o seu desenvolvimento e popularização. E, imagina, discordar com embasamento ou mostrar outros pontos de vistas não é ofensa alguma! Faça isso sempre que quiser, eu acho ótimo. Grande beijo!
É de pessoas assim que o mundo precisa conhecer, principalmente no nosso país onde bailarina é confundida com “Dançarina do Faustão” e pensar esta em segundo plano…
A Tamara além de talentosíssima é um ícone de responsabilidade com a dança clássica.
Bjsssssss
Fantastica a entrevista!!! Ja sabia do seu talento como bailarina. Mas me encanta a sua inteligencia e o sobre grau de conhecimento, a consciencia e bagagem sobre a arte em geral. Estou encantada.
Nossa!!!Já adorava assisti-la dançando…..agora então!!!Maravilhosa!!!!Amor pela arte como expressão de sentimentos!!!Perfeito!!!