O ballet e a tristeza

Há dois anos, li uma entrevista com a Ana Botafogo (aqui) e o repórter perguntou se depois de tragédias em sua vida (ela ficou viúva duas vezes), a dança ajudou a superar isso. E Ana respondeu:

A dança me ajudou a passar por esses momentos. A vontade que se tem, em momentos como esse, é sumir da vida. Mas se eu fizesse isso, seria difícil voltar para o balé. Então, nos momentos difíceis, a dança me ajudou. O exercício me ajudava para o físico e para a mente. Serviu como uma catarse, me deixava aflorar as emoções.

Em julho de 2008, passei por um punhado de reviravoltas em minha vida. Três de uma vez, para falar a verdade. Tanto que fiquei doente, mas antes de ir ao médico, com dor e febre, eu me arrumei toda e fui à aula de ballet, em um sábado de manhã. Não me esquecerei deste dia: entre a aula, a consulta e a minha cama foram poucas horas. De onde saí dois dias depois.

Seria engraçado se não fosse sério, mas li essa entrevista poucos dias depois do acontecido. Não sei se foi influência indireta das palavras da Ana Botafogo, mas de julho para setembro eu passei de uma aula por semana para seis dias no estúdio. Não emendei apenas dias, mas aulas e ensaios seguidos. Eu praticamente morei lá por três meses.

A dança não apenas me ajudou a superar, mas a cuidar de mim. Aprendi a me olhar, perceber que eu podia passar por tudo aquilo e continuar inteira. E eu não pensava. Simplesmente dançava e aquilo me deu uma força que poucos seriam capazes de compreender. Naquela época, o estúdio era a extensão da minha casa.

Talvez por isso eu preze tanto uma aula tranquila. Exigências e gritos, muitas vezes, ouvimos dentro de nós. O lado de fora tem de ser o oposto, para que possamos nos equilibrar.

Hoje a minha vida está nos eixos. Mas a barra está por perto e corro para ela nos momentos mais críticos. Jamais imaginaria que o ballet clássico também poderia ser a minha salvação.

4 comentários sobre “O ballet e a tristeza

  1. Oi Cássia! Concordo contigo. Também acho que o ballet e a dança em geral são ótimas terapias. Pq aquele momento é só nosso. Nossa cabeça fica focada apenas nos passos, na música, no nosso corpo. Prezo muito por esse momento! E concordo mais ainda quanto ao ambiente da aula. Já passei por aulas em que só ouvia gritos e críticas, o que acabou resultando numa grande insegurança minha e no meu afastamento da dança por um ano. Hoje as coisas são muuuiiitos diferentes e eu sou mais feliz dançando!
    Bjs

  2. Sábado ouvi um relato de uma aluna emocionante. Após um gravíssimo acidente de carro que a deixou com sequelas bastante drástica, o médico disse que ela precisava fazer alguma atividade física que trabalhasse com a coordenação motora. E ela escolheu o ballet. Me arrepiei inteira quando ela disse que o ballet foi a terapia dela o que a ajudou a estar ali agora.

    Dançar é viver! =)

    Um beijo, florzinha!

  3. A Dança muda nossas vidas a partir da primeira vez na qual dançamos…. Caímos e aprendemos a nos levantar nessa vida né, e é bom saber que podemos nos apoiar na Dança nessas horas.. adorei!

    Beeijinhos <3'

  4. sempre fiz ballet, desde criança… gostava, mas nunca achei que era importante pra mim.
    Quando meu pai faleceu num acidente de carro eu tinha 14 anos, (ja tinha parado de dançar) engordei 10 kilos em 1 ano, e decidi que iria voltar para o ballet para tentar emagrecer. Nessa época eu descobri o poder de conseciencia e reflexao que a dança traz para as nossas vidas. Eu consegui superar a tristeza e acreditar em alguma coisa e ter vontade e força para continuar. Eu tenho certeza q a dança salvou minha vida.

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