Somando todos os cursos que fiz, entre livres e profissionalizante, foram três anos estudando teatro. Eu nunca dizia que era atriz, mas que seria. Pensava que só poderia ser chamada assim quando me tornasse profissional. Só fui me sentir realmente atriz quando fiquei em cartaz.
Deixei o teatro, encontrei o ballet, e nesse caso eu penso de uma outra maneira. Estudamos? Somos bailarinas. Afinal, ainda não encontrei alguma que não levasse o ballet para os seus dias além dos palcos e da sala de aula. Tanto isso é verdade que a família, os amigos e os conhecidos acabam sempre nos chamando de “a bailarina da turma”.
Com isso, surge a fatídica pergunta: “Você é dançarina?” Momento de fúria das sapatilhas. “Dançarina não, bailarina”. “Ué, não é a mesma coisa?”
Para o dicionário, bailarino e dançarino têm praticamente a mesma definição, profissionais da dança. Para os sindicatos também, há DRT para os dois. Agora, alguém já teve curiosidade de ler as revistas e jornais quando se referem a quem dança funk? Axé? Strippers? “A dançarina fulana de tal…” Todas dançarinas. Basta colocarem uma roupa justa, remexerem o corpo incessantemente e são todas profissionais da dança. Sim, são profissionais, com todo o direito, mas cada qual escolhe o que quer dançar.
Passamos horas e horas tendo aulas, ensaiando, ganhando bolhas nos pés, dores no corpo, repetindo mil vezes uma mesma sequência para que um passo saia perfeito… E não falo apenas do ballet clássico. Sapateado, dança moderna, dança cigana, dança contemporânea, jazz, dança do ventre, flamenco. Estudamos para isso? Então, sinto muito, não somos dançarinas. Somos bailarinas.
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ATUALIZAÇÃO: Hoje é dia 9 de abril de 2021, doze anos depois que escrevi este texto. Relê-lo é uma tristeza, porque ele é preconceituoso de mil maneiras, especialmente quando me refiro ao axé, ao funk e às strippers. Minhas sinceras desculpas. Qual o problema de serem todas dançarinas? Aliás, de onde tirei que bailarinas são melhores que dançarinas? Não façamos tal juízo de valor. São todas profissionais da dança e todas, sem distinção, merecem respeito. O mesmo respeito.
Achei sua matéria preconceituosa! Os termos não tem diferença segundo o dicionário! Como profissionais da área temos que trabalhar a favor da dança como um todo…reforçar um discurso separatista e elitista a favor da dança não nos tornará mais forte, muito pelo contrário! Em algum momento da minha vida também já pensei assim e “grazadeus” consegui ver o quanto estava errada! Beijo pra vc! (discordei mas com o maior respeito)
Robertha, você tem toda razão! Eu escrevi esse post há nove anos, mal sabia a respeito da dança e tinha comigo essa visão elitista sim. Não é uma justificativa, de maneira alguma, mas também mudei de ideia. E concordo plenamente com você, temos de trabalhar pela dança como um todo. Você discordou com o maior respeito sim e está certíssima! Grande beijo.
Entendo e compreendo todas as causas motivos razões e circunstâncias do fato ocorrido, mas penso que há também muitos profissionais que estão buscando sair da informalidade do termo “chortinho” e se colocando como profissionais dedicados, sempre haverá profissionais informais até que quem esteja a frente desta publicação coloque-se para mudar este quadro, só lamento informar que dança popular ou mesmo funk não fazem parte do seu repertório e que mesmo assim sempre beberás da fonte para inovar a sua dança hoje amanhã e sempre, não há distinção cultural, ha apenas culturas diferentes entre si, por isso todas precisam se respeitar, e melhor ainda se unir pra acabar com esse pré conceito exacerbado a cerca do mesmo!
Gerson, você tem toda razão. Quando eu escrevi esse texto eu estava começando na dança, ao relê-lo percebo o grau do meu preconceito. A minha visão mudou, o meu respeito por todos os profissionais da área cresceu e se estende a todos. Desculpa se eu o ofendi de alguma maneira. Grande beijo!
Concordo plenamente com essa distinção.
No seu texto, tem uma sigla – DRT – O que significa?
Achei muito importante a sua explicação. Acredito mesmo que os dons precisam de estudos, treinos ,ser aperfeiçoados. Estou esforçando muito para ser uma bailarina da dança do ventre. Parabéns por todas as explicações e que Deus abençoe cada vez mais os seus dons. beijos Inêz
O que popularmente se conhece como DRT nada mais é que o registro profissional emitido pela Delegacia Regional do Trabalho de cada Estado.
Ter um DRT, como é dito no meio artístico, significa que o profissional está registrado na Delegacia Regional do Trabalho.
Sempre diferenciei o que é ser dançarino de ser bailarino e adorei o post. Estudo e pesquiso muito pra ser uma boa profissional, pois já estou dando aulas de dança do ventre, e tenho certeza que uma dançarina de funk por exemplo (não discriminando), não estuda tanto quanto nós do ballet clássico, jazz, afro e etc. Podemos nos considerar bailarinas, pois dedicamos parte do nosso tempo livre para a dança, para o estudo da teoria. Parabéns por mais um post lindo !
Viva!! Cássia nunca vi uma explicação tão honrosa sobre essa diferença, pena que muitos não entendem que vc foi além de uma simples burocracia de sindicatos e sim da pureza de se dançar.
\o/ Cássia! \o/
Nunca vi tanto “RANSO” com relação aos “DANÇARINOS”. Posso atè entender o quanto que o “OS BAILARINOS” estudaram e sofreram para chegar a onde estão por ser uma profissão com legislação própria e oficializada. Por falta de ignorancia, as pessoas não percebem é que na prática há uma diferença entre as duas atividades. A BAILARINA, trabalha com ballet clássico, jazz, etc… e usa colã e sapatilhas e o DANÇARINO ATUAL, trabalha com Dança de Salão e dança Bolero, Chá-Chá-Chà, Samba de Gafieira, Rockabilly e etc… e usa camisa e calça social e sapato de verniz para os homens e vestido de baile e sapato de salto alto para as mulheres. Temos sim, Sindicato de Classe(de Dança de Salão), mas por enquanto esta nova atividade, não tem legislação própria. Portanto cada um dentro da sua área. CHEGA DE CIÚMEIRA E STRESS! QUE COISA HORRÍVEL!
RUBINHO
(Personal Dancer)
Rubens, horrível é você deixar um comentário tão grosseiro, cheio de GRITOS, sem ter entendido absolutamente nada do post. A questão é quem não estuda dança, coloca um shortinho, dança na boquinha da garrafa e acha que é bailarina. Só. Em algum momento eu falei sobre os profissionais de dança de salão? Você poderia ter sido mais educado ao explicar a diferença e nem precisa encher o peito para falar sobre o “sindicato da classe”, porque existe o “sindicato para todos os profissionais da área”, o Sinddança. É ali que se consegue o registro profissional, inclusive, de dançarino. Não há ciúme, tampouco stress. Menos, bem menos. Você se doeu por pouco.
Demais amei,comecei no Ballet quando tinha 5 anos nunca gostei achei que era horrivel muito delicado pra mim,mas depois me apaixonei hoje faço parte do corpo estavel que representa minha cidade para o Brasil.É verdade essas mulheres que se dizem ”Dançarinas” não são nada disso a gente que faz bolhas nos pés,dançamos até tudo ficar mais que perfeito ser bailarina não é qualquer um
olá queria saber por que vc gosta de ser bailarina ou entao por que é bailarina ??
gostaria da resposta até amanha 24/09/10
me espelhei em vc e queria saber a resposta
Compreendo como se sente, porém o sindicato não enxerga mais assim.
Agora são dois D.R.T um para Bailarino ( somente ballet) e o outro para Dançarino ( qualquer coisa, desvalorizando totalmente os profissionais de outras áreas que estudaram dança contemporânea, dança do ventre, cigana, danças populares, etc), e agora se voce é “bailarino” não pode ser “dançarino” e vice-versa.
Precisamos nos unir ( pessoal que estuda e leva a dança a sério) para que a nossa área não seja desvalorizada mais do que é. Afinal nenhuma cultura é melhor que a outra para sermos desvalorizados perante a elite, digo isso porque sou bailarina clássica, e danço jazz, sapateado, dança do ventre, street e dança contemporânea. E agora o que eu faço com todas as coisas que estudei e que ficaram na minha corporeidade? Jogo fora?
Artistas! Uni-vos!
Nossa, Beatriz, que segregação. Não imaginava que fosse assim. A meu ver, tem de ser valorizado o profissional da dança que estudou para isso, não importa a modalidade. Mas não dá para esperar muito de um país que não valoriza a arte (e todas as suas acepções) da maneira como deveria. E se já começa no sindicato…
Grande beijo.
Amei o que vc disse !! Perfeita sua coloação.
Monni, você tem toda razão, durante muito tempo a palavra “bailarino” só era atribuída aos profissionais de ballet clássico. Agora que é diferente e acho sim que tem de ser! Porque sempre acham que é só a gente subir no palco, mexer o corpo e tudo bem. E você é sim uma BAILARINA! Estuda e trabalha com dança contemporânea e não tem nada de dançarina… Essa denominação, me perdoem, a gente deixa para quem veste um shortinho, coloca a mão no joelho e vai dando uma abaixadinha (affffffffff!).
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Sim, Ana, e é exatamente isso o que está colocado no post. 😉
Grande beijo.
Acredito que a grande diferença entre oa “dançarina” e a “bailarina” é a formação, a dançarina não precisa de formação para ser uma dançarina, mas a bailarina sim, independente do estilo de dança.
Sendo assim, sou uma bailarina porque estou estudando para isso.
Cássia
Adorei este post.
Nós, estudantes e profissionais da dança, vivemos sempre neste mesmo dilema “somos dançarinos (as)?”, porque bailarino (a) muitas vezes é empregado apenas para aqueles do ballet clássico.
Acredito que a valorização do nosso trabalho já começa da nomenclatura que utilizamos para a nossa classificação.
Sou uma bailarina! Estudo e trabalho os movimentos do meu corpo através da dança contemporânea.
Bjo grande!
Flor, eu sabia que você ia adorar, hehehehe. 😉
Beijo doce.
ai que tuuudoo!!!! Amei esse post… é isso ai… essa é a definição: bailarinaaaass!
bjocas cássiaaaa
Poetriz, o dom nada diz se não há estudo e dedicação. Eu só fui começar bem mais velha e lá estou eu, girando e caindo, até o dia em que não cairei mais.
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Claudia, você tem toda razão. E uma bailarina só nasce com muito estudo, dedicação e amor.
Beijos.
oi cássia! tb sempre vi esta diferença… afinal de contas, todo mundo pode dançar, mas ser bailarina… bjs, querida bailarina!
Imagino e compreendo sua indignação!
Quando eu era criança, queria ser bailarina também. Tentava me equilibrar na ponta dos dedos, girava e caía. No fim, nunca deu certo.
Pra ser bailarina, tem que ter dom…
Bjs!